Diante da possibilidade de incorrermos em grandes injustiças em relação a nossos alunos decidimos não proceder aos cortes de bolsas sugeridos pela CAPES daqueles que acumulam com outra remuneração. Neste sentido, enviamos ao Prof. Jorge Guimarães a carta em anexo, além de termos falado com ele pessoalmente por ocasião de sua visita ao CCS da UFRJ. Nesta ocasião ele manifestou sua preocupação com o disvirtuamento do espírito da portaria e que em algumas instituições as bolsas foram usadas para docentes e funcionários. Embora tenhamos tomados estas medidas, não estamos seguros que não haja consequências negativas e que as ameças de restituição e corte de cotas não sejam cumpridas. Assim sendo, solicito que todos os coordenadores dêem ciência aos alunos envolvidos e que solicitem aos mesmos e seus orientadores que firmem documento de concordância com as providências tomadas por esta reitoria. Enfim, para que possamos argumentar co m mais propriedade junto à CAPES, peço que todos os coordenadores enviem para a PR2 uma listagem de bolsistas, se estes têm vínculo empregaticio com respectiva data de ingresso e local de trabalho e percentual de alunos sem bolsa e sem vínculo. Como no dia 25 estarei na CAPES para tratar deste e de outros assuntos, solicito que até o dia 20 estas informações estejam na Pro-reitoria para serem consolidadas (somente para nosso conhecimento) Tão logo tenhamos outras notícias entraremos em contato Abraços Angela Uller
a portaria da CAPES/CNPq de 2010 e a nota de esclarecimento lançada no início de maio de 2011 se contradizem no que diz respeito à possibilidade de acúmulo de bolsas e vínculo empregatício. A CAPES/CNPq lançaram uma nota para as Reitorias de todo o Brasil anunciando uma “caça às bruxas” (as bruxas no caso são os pós-graduandos trabalhadores).
A Portaria publicada em julho de 2010 e a própria entrevista concedida pelo presidente da CAPES na ocasião abriam várias interpretações para diferentes casos de acúmulo. Porém, com a ameaça de corte de bolsas dos programas, muitos coordenadores estão fazendo uma pressão precipitada e descabida para que bolsistas abram mão de suas bolsas por conta de vínculo empregatício.
Entrem em contato com a APG para relatar os casos de abuso dos Programas em relação aos bolsistas.
Teremos uma reunião extraordinária amanhã, às 17h na Praia Vermelha, sala A-101 do Anexo da Faculdade de Educação, para tratar desse assunto. Provavelmente devemos marcar uma assembleia geral dos pós-graduandos para semana que vem para tratar desse e de outros dois assuntos atuais (a atuação dos pós-graduandos no Programa de Apoio Acadêmico da Graduação e a Política de Assistência Estudantil para os Pós-Graduandos).
Enviamos esse e-mail com cópia para todas as secretarias de pós-graduação da UFRJ.
Abraços,
Coordenação da APG-UFRJ
Nota de 2 de maio da Zena Martins, diretora do Programa de Bolsas para os Reitores e Pro-Reitorias de todo o Brasil (não dá pra copiar, tem que entrar no link)
http://www.posgraduando.com/pos-graduacao/capes-estipula-prazo-para-cancelamento-de-bolsas-irregulares?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+posgraduando+%28PosGraduando%29
CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO
Jorge Almeida Guimarães
Presidente da CAPES
Glaucius Oliva
Presidente do CNPq
Presidente da Capes esclarece dúvidas sobre Portaria Capes/CNPq sobre acúmulo de bolsas (entrevista de 23 de julho de 2010)
Em meio à crise mundial, o Manchester City – clube adquirido em 2008 pelos investidores do Abu Dhabi United Group – ofereceu ao Milan 120 milhões de euros (R$ 365 milhões), para contar com o meia-atacante Kaká na temporada 2009. Kaká receberia equivalente a 19 milhões de euros (R$ 58,5 milhões) por temporada. O jogador, apesar da grande quantia, optou pela não transferência, por não ver o clube inglês como grande potência no cenário Europeu, além dá não classificação do clube inglês para principal competição Européia – Champions League –, sendo negociado, meses depois por 65 milhões de euros (cerca de R$ 178 milhões), para o clube espanhol Real Madri de acordo com informação divulgada pelo jornal espanhol Marca (Marca, 02/06/2009).
Esse caso corriqueiro nos principais clubes da Europa ajuda a entender um discurso tão presente nos jogadores brasileiros, o sonho de fazer sucesso e consegui estabilidade financeira no futebol do exterior. Esse discurso atrelado à desigualdade econômica entre o futebol europeu e o futebol nacional reflete no número de transferências de jogadores brasileiros nos últimos anos para o mercado internacional.
No mundial de 2002 apenas treze jogadores, o que significa menos de 2% do total de inscritos na competição atuava no Brasil. Nos mundiais de 2006 e 2010 o caso acentuou-se: apenas três inscritos, o que significava menos de 1% do total jogavam em clubes nacionais. Sob essa ótica, percebemos que o Brasil transformou-se claramente num grande exportador de jogadores, onde segundo dados da CBF[1] somente em 2008, foram registradas1176 transferências de jogadores, para clubes de 95 países[2].
Ano de transferência a partir de 1989 | Total de jogadores transferidos[3] |
1989 | 132 |
1990 | 136 |
1991 | 137 |
1992 | 205 |
1993 | 321 |
1994 | 207 |
1995 | 254 |
1996 | 381 |
1997 | 556 |
1998 | 530 |
1999 | 658 |
2000 | 701 |
2001 | 736 |
2002 | 659 |
2003 | 858 |
2004 | 857 |
2005 | 804 |
2006 | 851 |
2007 | 1.085 |
2008 | 1.176 |
Este crescimento desmedido na transferência de jogadores para o exterior configura uma nova realidade no mercado socioeconômico do futebol brasileiro. Esta nova configuração tem afetado profundamente a sobrevivência dos clubes brasileiros, restando apenas a função de formadores de “pés de obra” para serem oferecidos ao mercado internacional (ALVITO, 2006).
Para tomar como exemplo, após um excelente Campeonato Carioca pelo Botafogo F.R. sendo eleito o melhor jogador do campeonato. O meia Maicosuel foi vendido ao Hoffenheim da Alemanha por 4,5 milhões de euros (R$ 12,8 milhões). O clube carioca se esforçou em cobrir a oferta, mais percebeu que a negociação era desigual comparada à situação financeira dos clubes nacionais. A justificativa do jogador Maicosuel esta presente na grande maioria dos jogadores: buscar melhores condições salariais para fazer o “pé de meia”(O globo, 22/05/09).
Para tornar explícita a desigualdade financeira que ronda os clubes nacionais comparados aos clubes europeus, buscamos analisar duas pesquisas referentes aos dez maiores salários de jogadores de futebol no Brasil e no continente Europeu. A primeira, realizada pelo site português Futebol Finance aponta os dez maiores salários no futebol Europeu com base na temporada 2009/ 2010, a segunda pesquisa realizada pela Revista Placar em junho de 2010 indica os dez maiores salários no futebol brasileiro[4].
# | Jogador | Clube | Mensal | Anual |
1 | Cristiano Ronaldo | Real Madrid CF | 1.083.000 € | 13.000.000 € |
2 | Zlatan Ibrahimovic | FC Barcelona | 1.000.000 € | 12.000.000 € |
3 | Lionel Messi | FC Barcelona | 875.000 € | 10.500.000 € |
4 | Samuel Eto´o | Internazionale | 875.000 € | 10.500.000 € |
5 | Ricardo Kaká | Real Madrid CF | 833.000 € | 10.000.000 € |
6 | Emmanuel Adebayor | Manchester City | 708.000 € | 8.500.000 € |
7 | Karim Benzema | Real Madrid CF | 708.000 € | 8.500.000 € |
8 | Carlos Tevez | Manchester City | 666.000 € | 8.000.000 € |
9 | John Terry | Chelsea FC | 625.000 € | 7.500.000 € |
10 | Frank Lampard | Chelsea FC | 625.000 € | 7.500.000 € |
Fonte: futebolfinance.com[5]
# | Jogador | Clube | Mensal |
1 | Ronaldo | Corinthians | R$ 1.800.000,00 |
2 | Deco | Fluminense | R$ 550.000,00 |
3 | Deivid | Flamengo | R$ 475.000,00 |
4 | Fred | Fluminense | R$ 460.000,00 |
5 | Kléber | Palmeiras | R$ 373.500,00 |
6 | Neymar | Santos | R$ 305.000,00 |
7 | Roberto Carlos | Corinthians | R$ 300.000,00 |
7 | Felipe | Palmeiras | R$ 300.000,00 |
7 | D’Alessandro | Internacional | R$300.000,00 |
7 | Rafael Sóbis | Internacional | R$ 300.000,00 |
Fonte: Revista Placar setembro de 2010.
Percebemos que a desigualdade econômica reflete diretamente no destino dos principais jogadores brasileiros. Onde, dos quase US$ 250 bilhões que esse mercado movimenta ao longo do ano, a parte brasileira não chega a 3%. Escasso, se comparado com os resultados e prestígio obtidos dentro de campo.
Nesse sentido, podemos apontar diversos fatores que pode nos ajudar a entender esse processo escasso, um deles seria que entre os 20 clubes mais ricos do mundo, apenas três deles tem modelo semelhante ao dos times brasileiros, mostrando a necessidade de modernização do futebol brasileiro, motivo real pela perda precoce dos seus principais jogadores. Notadamente, mesmo com o fato de a seleção brasileira ser a única pentacampeã do mundo, o campeonato brasileiro foi somente o quinto principal campeonato do mundo em 2008, segundo o ranking realizado pela IFFHS[6], o que mostra a fragilidade na organização da principal competição nacional.
Considerações finais
De fato, esse caminho percorrido pelos clubes brasileiros salientou a venda de jogadores como principal fonte de receita dos clubes, o que ocasionou a falta de identificação com o público, ao ponto de não lembramos o clube brasileiro que o jogador havia defendido antes de sua venda.
Contudo, ao traçar uma discussão sobre esse processo de mundialização do futebol brasileiro, percebe-se a capacidade de penetrabilidade social na resignificação de novos valores de uma cultura internacional-popular, atraindo olhares significativos de todas as companhias do mundo.
É importante salientar a contribuição dos avanços tecnológicos dos meios de comunicação de massa, sobretudo, a mídia televisiva que socializa valores atrelados à indústria do consumo, na transformação da prática de futebol em business e seus personagens – jogadores de futebol – em verdadeiras estrelas hollywoodianas.
E AGORA?
Segue o texto escrito pela Prof.ª Carmen Lozza, professora aposentada da UFF, que atuou durantes muitos anos em rede pública de educação, no ensino fundamental.
De nada adianta me lembrar do meu aluno que, há décadas atrás, fui visitar na prisão, junto com minha amiga, também professora, quando soube que ele havia sido preso por tráfico de drogas. Tampouco me alivia a lembrança da família dele, com a qual fomos estar em seguida, num subúrbio de Niterói, dando apoio e tentando ver do que precisavam naquela hora tão surpreendente em suas vidas… Havíamos saído do Conselho de Classe da escola em que trabalhávamos e o diretor havia se pronunciado, solenemente, sobre o drama da escola (não do menino), com a descoberta de seu envolvimento com drogas. Mas, ao contrário de nós, estupefatas diante de circunstância tão inusitada, ele, o diretor, estava tranquilo, o flagrante não fora dentro da escola, assim sendo, a instituição estava liberada de culpa. Céus! Até hoje me causa náusea, mas era isso mesmo: o temor do “cidadão” era diante de algum respingo vir a macular a imagem da escola e ele, indicado para o cargo pelo político da ocasião, vir a perder os seus caraminguás, exígua gratificação a que tinha direito a cada final de mês.
Presunçosa, me senti “a” educadora, diante daquele sujeito egoísta e pouco sensível. Mas, hoje, ante a tragédia, me olho de frente e não adianta: também sou cúmplice pela desgraça deflagrada pelo jovem das manchetes destes dias ter se tornado um assassino e matado outras tantas vítimas, além dele próprio, sob a fúria de sua arma de fogo. Os gritos que dera antes (Onde os terá dado? Quem os terá ouvido?) para aliviar o próprio sofrimento de vítima, nós, educadores, não os ouvimos. Simbolicamente eu também estive surda e alheia aos horrores pelos quais passou esse menino. Pura obra do acaso não ter sido um aluno meu, de carne e osso, quem veio a aterrorizar a todos nós, pela fatídica inauguração de um crime tão bárbaro, até ontem totalmente distanciado de nossa alardeada “índole pacífica” de brasileiros. Quem garante que não poderia ter sido de verdade um de meus alunos? Quem me assegura que algum deles não padece, talvez não de um mal tão devastador, mas de dores que o faz menos humano do que poderia e pode ser?
Pois o império também isso nos tirou, globalizando a monstruosidade. E eu não vi que tal tragédia se anunciava, silenciosa e célere.
Perdão, alunos meus, que sofreram sem que eu os tivesse ouvido e entendido! Voltei-me para outras franjas do cotidiano e não vi o seu olhar, não atentei para sua angústia, não ouvi o seu pedido de socorro. Pensei em Filosofia, pensei em Educação, e não me voltei para você, diante de mim, com sua vida a lhe rasgar o peito, fazendo- o infeliz à beira de uma mórbida necessidade de vingança. Afinal de contas (tento aqui me defender), a me corroer o peito, eu também vivia minhas próprias dores…
Fora da escola, bem que lutei junto a meus pares por melhores condições de ensino e por melhores salários. Pretendi ter menos alunos em turma, como forma de garantir uma maior atenção a cada qual e uma menos árdua tarefa de educar. Demonstrei meu inconformismo quando, no início de cada ano, minhas turmas tinham em torno de 50 alunos e a coordenação da escola, diante da minha ”grita”, me pedia calma, alegando que vários deles iriam desistir e a turma passaria a ter um número mais razoável de integrantes, naturalizando, covardemente a evasão escolar.
Mas, e daí? Nem isso nem escudar-me nos desmandos dos governos que se sucedem, cada vez mais retardando a oportunidade de virmos a ter a educação pública, democrática, de legítima qualidade social, laica e universal que é devida à população de nosso país não me tira o gosto de fel da boca nem tampouco as lágrimas renitentes do olhar.
O fato, para mim, é que três dias de luto é o mínimo. O máximo vamos ter que descobrir juntos.
Carmen Lozza, em 9 de abril de 2011.
Quando fui chuva
Quando já não tinha espaço, pequena fui
Onde a vida me cabia apertada
Em um canto qualquer,
Acomodei minha dança, os meu traços de chuva
E o que é estar em paz
Pra ser minha e assim ser tua
Quando já não procurava mais
Pude enfim nos olhos teus, vestidos d’água,
Me atirar tranquila daqui
Lavar os degraus, os sonhos, as calçadas
E, assim, no teu corpo eu fui chuva
… jeito bom de se encontrar!
E, assim, no teu gosto eu fui chuva
… jeito bom de se deixar viver!
Nada do que fui me veste agora
Sou toda gota, que escorre livre pelo rosto
E só sossega quando encontra tua boca
E, mesmo que eu te me perca,
Nunca mais serei aquela que se fez seca
Vendo a vida passar pela janela
O futebol como megaevento
De acordo com o censo realizado pela FIFA em 2000[1], o futebol é apontado como o esporte mais praticado no mundo. Cerca de 250 milhões de pessoas, ou 4,1% da população mundial, são participantes do jogo de futebol de alguma maneira. Nessa mesma pesquisa, identifica que no Brasil, cerca de 170 milhões de pessoas, sem contar as crianças e os praticantes ocasionais participam desse jogo.
Para entender esse crescimento, é preciso reconhecer que o futebol se constitui de um campo de concorrência no interior, onde antes restritos a praticantes e aos espectadores presenciais, alcançaram as massas quando esses eventos, através dos meios de comunicação de massa, se transformaram num produto midiático. Esse cenário presente representa a passagem de um esporte praticado em círculos sociais restritos; otimizado pela máxima do amadorismo, para um esporte espetacularizado, com produção profissional especifica e destinado ao consumo de massa (BOURDIEU, 1983).
Corroborando com o processo entrevisto por Bourdieu há quase trinta anos, Alvito (2006) chama a atenção para a existência de um campo esportivo planetário diante de novas instituições e agentes articulados ao crescimento de canais mundiais especializados em esportes, ao grande consumo de produtos esportivos produzidos pelas multinacionais e às novas formas de consumo do espetáculo proporcionado pela internet e telefones celulares.
Esse leque de variedades para a venda e comercialização do futebol, está ligado diretamente aos mecanismos de linguagem que facilitam sua comercialização e aceitação mundializada. A facilidade de inteligir esse espetáculo proporciona ao futebol diversas formas de comercialização dos seus produtos: TV, telefone celular, videogames dos mais variados tipos, revistas especializadas, canais próprios de futebol, sites com conteúdos exclusivos, álbum de figurinhas e simuladores para administração de clubes[2].
O futebol como espetáculo é uma construção social que envolve diferentes atores sociais – atletas, dirigentes, jornalistas, patrocinadores, torcedores, autoridades públicas – em ação no campo esportivo. Nesse sentido, Bourdieu (1997) aponta que os meios de comunicação de massa ocupam um espaço de suma importância por tornar o espetáculo esportivo num produto fora do comum, proporcionando uma correria para associação de produtos dos mais variados ramos a ocupar um espaço de destaque no maior patrimônio de marketing esportivo mundial: as camisas dos clubes de futebol.
Um levantamento feito pelo Estado de Minas no Campeonato brasileiro de 2007 releva que apenas doze, das principais equipes localizadas São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro, foi feito um investimento de 143,75 milhões[3] para divulgar os nomes das empresas nos uniformes das equipes.
Mesmo com investimentos tão altos o retorno para essas empresas tem garantia. Estima-se que pode ser no mínimo seis vezes o valor aplicado. A marca ganha visibilidade e fica guardada na memória de milhões de brasileiros, que se tornam também potenciais consumidores de seus produtos. (Estado de Minas, 27/05/2007)
Nesse sentido, Debord (2006, p. 39) afirma que, “a raiz do espetáculo está no terreno da economia que se tornou abundante, e daí vêm os frutos que tendem afinal a dominar o mercado espetacular”, onde o espetáculo proporcionado dentro das quatros linhas ganha abrangência pelas grandes jogadas de marketing, cercado pela publicidade e não mais por aquele que promoveu as jogadas, onde esse, ganha status de celebridade, transformado, enfim, em uma grande produção hollywoodiana.
Referências
ALVITO, M. A parte que te cabe neste latifúndio: o futebol brasileiro e globalização. Análise Social, v.41, n. 179, p.451-474, 2006.
BOURDIEU, P. Como é possível ser esportivo. In: ________. Questões de sociologia. Rio de Janeiro: Marco Zero, 1983.
DEBORD, G. A sociedade do espetáculo. Traduzido por: Estela dos Santos Abreu. 7. impressão. Rio de Janeiro: Contraponto, 2006.
MENDES, Karla. Marcas em campo. Estado de Minas, Minas Gerais, p.6. 27 Mai. 2007.
[1] Dados retirados do site oficial da FIFA referente ao censo realizado pela entidade em 2000.
[2] Como exemplo pode ser citado o Cartola FC fantasy game disponível no site globo.com. O usuário funda uma liga onde se ganha ou perde pontos de acordo com o desempenho real dos atletas nos jogos. As atuações em campo são medidas através das estatísticas oficiais da TV globo.
[3] Como os valores de alguns patrocinadores não foram revelados, estima-se que esse valor pode chegar a R$ 200 milhões.
JULGAR…
Avaliar, emitir opinião, formular um juízo: julgar uma pessoa pela aparência. Esse emaranhado de palavras nos leva a repensar nossas atitudes diante das diferenças. Formular posições sobre o caráter ou aspectos morais de um ser humano, mostra-se, no mínimo, um exercício que me parece medíocre.
Estamos habituados a julgar os outros por nós próprios, e se os absolvemos benevolente dos nossos defeitos, condenamos com inflexibilidade por não terem as nossas “qualidades”, ou seriam pseudoqualidades?
Na minha humilde perspectiva, tenho mais coisas para fazer. Mas… Fico indignado, e claro, com receio das pessoas que adotam esse perfil.
Não gostar da pessoa? Não concordar com suas ideias? Sem problemas, o mundo seria uma chatice se todos pensassem da mesma forma. Agora, essa baixeza ligada ao falso moralismo… Hum!!!!!!
Queria deixar bem claro que o julgar aqui mencionado, está referido aquele julgar codificado, quase uma fofoca.
Bom, nem sei o porquê escrevi isso aqui. Deve ser uma forma de desabafar. Amanhã escrevo alguma coisa que preste. kkkkkkkkkkkkkk
Abraços,
Nei Santos Jr.
De acordo com dados levantados pela empresa Filme B e pelo Sindicato das Empresas Distribuidoras do Rio, “Tropa 2” se tornou o novo recordista de renda e público do Brasil, em uma primeira semana, considerando todos os lançamentos no mercado brasileiro, desde 4 de janeiro de 1991 .
Segundo seu Blog Oficial “a segunda parte da saga do Tenente Coronel Roberto Nascimento, produzida pela Zazen, obteve (com os números efetivamente apurados até às 12:53 desta sexta-feira) o impressionante número de 2.925.263 espectadores.”
Além de superar os filmes espíritas “Chico Xavier” e “Nosso Lar” como a maior estreia do cinema brasileiro de 2010, “Tropa 2″ também bateu “A Saga Crepúsculo: Eclipse” (1,185 milhão de espectadores) e se tornou a maior estreia do ano no país. Apenas com seu primeiro fim de semana, o filme já é a quinta maior bilheteria de todos os tempos no Brasil (incluindo blockbusters americanos).
Nesse sentido pode-se considerar uma vitória do cinema nacional, ocupando durante esta semana 1.227 salas programadas de um total de 3.274 programações. Isto é, 37,48% das programações estavam com filmes nacionais, em aproximadamente 2.200 salas existentes hoje no Brasil.
Crédito: http://www.tropa2.com.br/
Putz… Essa mulher está de sacanagem?
Não canso de ouvir o CD da Gadú. Uma obra com interpretações divinas…
Aliás, estive analisando alguns sites e pude perceber que a Maria Gadú tem propostas de casamento dos mais variados gêneros. Como posso ficar de fora??? Maria Gadú, casa comigo?????(rsrsr)
Apreciem, vale muito à pena!
Meio cansado
Salve Salve galera!
Reconheço minha ausência, sabe como é: compromissos acadêmicos diminuem o tempo de ociosidade de qualquer um.
Meu grande amigo Rafael (turco de caráter inquestionável), sempre diz: Mestrado e Doutorado requerem disponibilidade, dedicação e alguns sacrifícios.
Mas…
Sempre que puder vou postar alguns textos, vídeos e músicas.
Labor, Labor,Labor!
Cia. Barbixas de humor
Salve Salve Galera!
Não sou de fazer merchandising, mas os caras são fantásticos, vale à pena conferir.
A sociedade contemporânea propicia através da universalização do mercado, um conflito gerado entre; formação cultural e sociedade consumista, não apresentando como resultado a não-cultura, mas uma semiformação cultural, já relatada por Adorno (1996). Introduzindo através da mídia, valores configurados por um novo cenário cultural.
Nessa perspectiva, a mídia como recorte preponderante da indústria cultural, disponibiliza diante seus recursos, há ocupar o tempo livre do trabalhador, consolidando um momento de consumo simbólico dos bens culturais como mercadorias. Para Pires (2003), uma ocupação que se molda a um semi-saber que reflete numa falsa abstração a reflexão crítica, integrando-o ao mundo encantado das aparências que “passou sucessivamente de praticante a espectador, deste a telespectador, e agora, a teleconsumidor”(p.22).
Porém, ainda de acordo com autor, tornam-se relevante novos olhares epistemológicos para compreensão da recepção midiática, tendo como base, pesquisas promovidas pelo campo dos estudos culturais latino-americanos, “que retomam a preocupação com os estudos de recepção midiática, numa perspectiva da formação do receptor-sujeito” (p.25). Ou seja, um sujeito antes visto como consumidor passivo, agora assumindo status de também produtor, capaz de desenvolver uma reflexão autônoma em relação aos sentidos originais dos conteúdos midiáticos, reconstruindo seu próprio significado, conforme suas próprias estruturas de recepção.
Segundo Jacks (1997, p.175), sobre a importância na formação do receptor-sujeito afirma: “estudiar la recepción, es decir, reconocer al receptor como sujeto del proceso de recepción, requiere de uma nueva postura metodológica , basada em presupuestos que avancen em dirección de um nuevo modelo teórico”.
Portanto, uma associação entre os estudos culturais latino-americanos de recepção com a cultura corporal de movimento, deve ser de extrema relevância no campo da Educação. Cabendo ao professor a responsabilidade pedagógica na formação do receptor-sujeito, sendo de fato agentes de esclarecimento, contribuindo para reflexão crítica, ativa, seletiva e autônoma, perspectivando fundamentar uma participação para que a sociedade estável, possa atribuir controle democrático dos meios de comunicação e da qualidade das suas programações, levando em consideração seu cotidiano, heterogeneidade das temporalidades culturais e as práticas de consumo simbólico, perspectivas já apontadas pelos estudos culturais latino-americanos.
Contudo, o professor deve discutir e dialogar roterinamente com os educandos, vinculando a utilização de vídeos, documentários, revistas, jornais e entre outras que possibilitem o diálogo com os fundamentos teóricos de uma Educação concebida como apropriação e transformação da cultura corporal de movimento, tratando de assuntos polêmicos e atuais que facilitem o desenvolvimento de conteúdos conceituais e atitudinais, No caso da televisão, a imagem proporciona um impacto aos educandos e a partir dessa primeira emoção pode-se mediar uma interpretação mais crítica e racional.“Em síntese, a tarefa teórica e prática da Educação deve ser a do esclarecimento, visando desvelar pela crítica e pela razão o conjunto de objetivos e interesses que configuram a mensagem midiática .
Marcelo Adnet e CIA com o grupo “Gaiola das Cabeçudas” uma paródia ao grupo “Gaiola das Popozudas”
As práticas corporais, dadas suas características expressivas, permitem a percepção de que é a cultura que proporciona a gênese, a incorporação, a ressiginifcação e a socialização das diversas formas de manifestações corporais. É por meio das produções culturais que os homens e as mulheres estabelecem uma relação comunicativa com a sociedade. Isto implica o entendimento da cultura como um texto a ser lido, portanto, interpretado. Nesse sentido, Neira e Nunes (2006) afirmam que a gestualidade presente e característica de cada forma de manifestação da cultura corporal configura um texto passível de leitura e interpretação.
Os textos produzidos pela gestualidade são compreendidos como meios de comunicação com o mundo, constituintes e construtores de cultura. Cada texto é uma linguagem, com especificidade própria a ser interpretada, o que impossibilita adjetivar, mensurar ou comparar qualquer produção cultural e suas formas de linguagem. O estudo das formas simbólicas mediadas pelas relações humanas dá-se em meio ao contexto no qual esses textos e seus significados são produzidos, transmitidos e assimilados.
A partir daí é possível compreender a importância pedagógica de atividades que promovam a leitura e interpretação da linguagem corporal. O argumento central é que ao movimentar-se os homens e mulheres expressam intencionalidades, comunicam e veiculam modos de ser, pensar e agir característicos, ou seja, culturalmente impressos em seus corpos. Por este pensamento, entende-se que o corpo é também um suporte textual, nele se inscrevem a história e a trajetória dos homens e mulheres em meio à cultura.
É pela interpretação dos textos corporais, afirmam Neira e Nunes (2007), que se nota a disponibilidade do momento (alegria, tristeza, cansaço, raiva, sono) ou, de maneira mais profunda, a trajetória de vida, a posição social, a profissão, as origens sociais etc. Percebe-se, por exemplo, que a vida sofrida das populações mais humildes está inscrita nos seus corpos de uma forma bem diferente que a opulência das elites. A construção do gênero em uma determinada sociedade dirá quais gestos são adequados ou não para os meninos e homens e para as meninas e mulheres – chorar, formas de sentar-se, de andar, de gesticular etc.
Seguindo esse raciocínio, os signos impressos no corpo são interpretados, também, a partir da experiência cultural de quem lê. Um sorriso, uma piscadela, um “dar de ombros”, usar batom, saia comprida, piercing e tatuagem, entre outros, recebem diferentes significados conforme o patrimônio disponível aos leitores e leitoras. Conseqüentemente, também as formas de olhar o corpo feminino são internalizadas segundo os discursos e representações veiculados e, caso não sofram questionamentos, é bem possível que permaneçam enraizadas. De acordo com Bourdieu (2000), a significação social dos órgãos sexuais torna-se objeto não do registro de propriedades naturais expostos à recepção, mas do processo de salientar diferenças atreladas em semelhanças. Essa definição social das partes do corpo é produto de uma construção desenvolvida à custa de uma série de opções por meio da ênfase em certas diferenças, ou do ocultismo de certas semelhanças, já que a diferença sexual é comprovada visivelmente, concretizando a definição estabelecida socialmente entre sexo forte e sexo frágil.
Sintomaticamente, Santos e Hoff (2006) relatam que ao constituir-se como plano natural em que o poder se reflete nos processos de subjetivação, ou seja, na forma de constituição do sujeito:
o corpo se estabelece como produção simbólica, espécie de aparato cultural em que as marcações identitárias deixam vestígios nos seus modos de expressão. O corpo contemporâneo é, portanto, um corpo-signo. E, neste sentido, é a cultura midiática que ressignifica, de tempos em tempos, os valores que devem estar gravados nos trejeitos e nos contornos deste corpo (p.15).
Se mantivermos em tela o poder disseminador dos textos imagéticos, será possível afirmar que as práticas cotidianas da cultura midiática constroem e renovam o ideal da feminilidade. Graças aos meios de comunicação de massa, um número infinito de variantes desta imagem forma o meio visual, físico e sociocultural das mulheres, apontando um campo fértil a representações sobre o consumo que serão incorporadas e mediadas através da espetacularização mobilizada por representações de identidade, estética e normas sobre o corpo feminino (FORSYTH,2003).
A posição que lhes é imposta por meio desses textos as situa incessantemente sob o olhar dos outros: homens e mulheres, conscientes do seu próprio reflexo. O autor conclui que, segundo as imagens irradiadas, as mulheres são ou deveriam ser magras, brancas e ricas o bastante para se vestir e maquiar-se segundo a última moda, eternamente jovens e felizes, sem imperfeição, dóceis e passivas, heterossexuais, preocupadas com a compra de produtos de beleza e com o seu dever de agradar sexualmente aos homens. Diante uma relação simbiótica, essa aceitação do mito da beleza e a adesão às mediações oferecidas pelos MCM parecem se intensificar no momento da história ocidental em que se concebe como já adquirida a liberação do corpo feminino. Nesse sentido, Naomi Wolf (1991) trabalha com a hipótese na qual o mito da beleza, a partir de sua renovação, possibilita a construir a feminilidade, exercendo de certo modo um controle sobre os corpos femininos.
A partir do momento que o movimento feminista conseguiu desmantelar a maior parte das outras ficções da feminilidade, todo o trabalho de controle social, apoiado antigamente sobre uma rede de ficções, foi redistribuído sobre o único fio que permaneceu intacto (…) O trabalho da beleza efêmera ainda que inesgotável (…) reconstruiu um mundo feminino alternativo com suas próprias leis, sua economia, sua religião, sua sexualidade, sua educação, e sua cultura, todos elementos tão repressivos quanto os outros que os precederam (p. 16).Ao analisar a forma como os corpos femininos são veiculados nas propagandas, Shaw (2003) constatou uma certa representação homóloga, ou seja, construída socialmente pelo indivíduo no sentido em que é apreendida e expressa. Suas relações se realizam através de imagens que refletem e reproduzem qualidades, tipos, e níveis de atividade, que “re-cria, reflete, e re-afirma esta socialização” (p.196). O discurso insidioso incita as mulheres a assumirem papéis e construírem sonhos convenientes às narrativas do mito da beleza, levando-as a adotar como desejos próprios, as vontades alheias. Nota-se, portanto, que no núcleo das práticas culturais figuram modos particulares de olhar o corpo e o rosto feminino, modos que se reiteram e se reforçam em todos os domínios da publicidade, da televisão, do cinema e da Internet.
A repetição e reiteração do discurso midiático acerca do corpo feminino vai habituando o público, desde a mais tenra idade, a partilhar das imagens e mitos impostos por meio de narrativas, que passam a ser aceitas como evidentes. Importa saber o que leva a mídia a proceder assim. Suspeitamos que o que está em jogo nada mais é do que espetacularizar e transformar essa exposição em audiência, mediante associações aos produtos de consumo. Afinal de contas, subliminarmente ou explicitamente, os corpos atraentes encontram-se vinculados à socialização de práticas culturais específicas, tais como, higiene (cremes, xampus, loções, sabonetes), entretenimento (viagens, TV a cabo, bebidas alcoólicas), alimentação (sucos, chás, margarinas) ou a situações que conferem status (automóveis, imóveis, eletrodomésticos). Em suma, quando o corpo feminino desejante é inter-relacionado aos produtos comercializáveis, transmite-se a idéia de felicidade e bem-estar.
A TV, assim, adquire a capacidade de tornar-se um instrumento eficaz para a conservação da ordem estabelecida, dado que, os meios de comunicação em massa estão nas mãos de poucos grupos dominantes que disseminam, a partir de sua cultura e de seus referenciais, os modos de viver, pensar e agir. O fato de que alguns poucos conglomerados monopolizam a fatia mais importante da mídia mundial (OLIVEIRA, 2004), torna possível inferir que as maneiras de pensar distintas da ideologia de mercado, bem como os valores pertencentes a outras culturas, encontram espaço reduzido, previamente demarcado, para se manifestar.
É sabido que as transmissões televisivas são decididas por um pequeno grupo de pessoas. Enquanto certos conteúdos são amplamente divulgados, outros, nem sequer são mencionados. Nesse sentido, cabe perguntar quais interesses estão pautados na seleção das imagens corporais que vão ao ar? Quais são os referenciais dos “selecionadores”? Será que os diversos grupos que compõem a sociedade vêem-se representados na telinha?
Se lembrarmos que os Estudos Culturais configuram a cultura com um campo de lutas, concluiremos que as imagens veiculadas pela mídia encontram-se atreladas a um grupo restrito de “selecionadores” que valorizam determinadas práticas culturais de higiene, entretenimento, alimentação etc., o que não significa que a audiência seja levada a pensar e a agir como sugere o discurso midiático. Até porque, é possível selecionar o que assistir, rejeitar e negar as mensagens transmitidas. Além disso, podemos inferir novas leituras que produzam outras significações a partir das nossas experiências pessoais e da comparação e confrontação das informações e dos saberes apresentados pelos meios de comunicação de massa com àqueles advindos da realidade social. Mesmo assim, reforçamos, no campo das lutas simbólicas, a mídia, principalmente a televisiva, detém um poder desigual de significação das práticas sociais.
Referências
BOURDIEU, P. La dominación masculina, Barcelona: Anagrama, 2000.
FORSYTH, L. H. Pela reapropriação do corpo das mulheres e das meninas, ainda sob o olhar dos outros na cultura popular das sociedades patriarcais. Labrys, estudos feministas. n. 03, janeiro/julho 2003.
OLIVEIRA, C. B. Mídia, cultura corporal e inclusão: conteúdos da educação física. Lecturas: Educacion Física y deportes, Buenos Aires, v.10, n.77, out. 2004.
NEIRA, M. G.; NUNES, M. L. F. Pedagogia da cultura corporal: crítica e alternativas. São Paulo: Phorte, 2006.
_________. Pedagogia da cultura corporal: motricidade cultura e linguagem. In: NEIRA, M. G. Ensino de Educação Física. São Paulo: Thomson Learning, 2007.
SANTOS, L. L. e HOFF, T. Da cronobiologia aos neurocosméticos: o advento do corpo-mídia no discurso publicitário da beleza. In: 15º Encontro Nacional da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação, 2006, Bauru. Anais do XV Encontro Anual da Compós, 2006.
SANTOS JR, N. J. Espetacularização esportiva na TV: ações e desafios à Educação Física escolar. Lecturas Educación Física y Deportes (Buenos Aires), v. 12, p. 111, 2007.
SHAW, I. S. O corpo feminino na propaganda. In: BERNADETTE, L; SANTANA, G. (Orgs.). Corpo & Mídia. São Paulo: Arte & ciência, 2003, p.193-206.
WOLF, N. O mito da beleza: como as imagens de beleza são usadas contra as mulheres. Rio de Janeiro: Rocco, 1992.